quinta-feira, setembro 29, 2005

Anjos não existem. Os que existem estão cansados; terrivelmente cansados. O tempo é um gigante planeta ou asteróide que nos obriga a orbitá-lo. Cada centímetro de mim pensa em ti. Sejas tu quem fores. Sejas tu eu próprio. As pessoas são como eu (eu sou uma pessoa?!).. O eu de cada nós não é como as pessoas. Vestido de flanela; o meu pensamento está vestido de flanela. Há tanto de que eu gosto. Vivo contente, sem dúvida. E o despertador não toca. Fico na cama a ver os n's e os m's transformarem-se em gaivotas. Aquela velha caixa de música ecoa nas pades do meu crânio graças aos electrões da memória. A mão de gesso que me fez uma rapariga está na mesinha de cabeceira. A fugir num balão. A minha vida está a fugir num balão. Mas desta vez sorrio com o amarelo do balão e com a borboleta que fica comigo. (Ao som de Coco Rosie)

terça-feira, setembro 27, 2005

ela rebenta com os ses..

ela quebra as correntes..

E a seguir abandona-te deixando o seu cheiro no teu pescoço..
se ele te arrasta
se ele te prende

terça-feira, setembro 20, 2005

O homem que compreendia tudo suicidou-se ao não achar a beleza do desencontro que faz esta vida maravilhosa..
Domingo as árvores falaram comigo.. Final de tarde e o roçagar das árvores a anunciar o final de Verão.. Disseram-me que tudo fazia sentido enquanto não o procurasse.. Que os mistérios são apenas interrogações mal feitas.. Que eu estava feliz ali naquele momento porque não estava a pensar como é que as árvores falavam comigo.. Os pássaros cantavam coisas sem sentido.. E eu só conseguia perceber as coisas se não as tentasse perceber.. A ignorância não é um inimigo.. A interrogação é isso mesmo e nada mais que deva ser compreendido..

segunda-feira, setembro 19, 2005

Well i've seen the battle and I've seen the war
And the life laying here is the life i've been told
Well i've seen the battle and I've seen the war
And the life laying here is the life i've been sold

domingo, setembro 18, 2005

Para quê matar uma inofensiva mosca em pleno vôo? Para me sentir melhor ou maior que ela? Mas eu não sou melhor que uma simples mosca.

Sede

Um ponto de interrogação. Cresce a um ritmo alucinante como uma planta na Primavera. E eu. Porquê eu? Morre, ó ego insaciável! Não, não morras se não EU não existo. Estou sensível como pele irritada. Desta vez não expludo. Morro na véspera do clímax. Caio duma cadeira de vaidade e ambição e mergulho num poço seco. A água faz falta aos outros enquanto eu não a quero. Sede. Podia ser pior. Era pior se Eu não existisse ou se existisse completo.

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E agora surge o impulso de partilha. Quero contar tudo aquilo que sinto às poucas pessoas de quem eu realmente gosto. Quero passar o meu tempo com elas. Quero o campo de volta. Mas não sinto mágoa, nem melancolia sequer. Estou feliz. Tenho as minhas reticências mas esta música neste momento com este caderno (que são também outras pessoas) faz sentido. Tudo faz sentido. A felicidade é o momento em que tudo faz sentido. A melancolia é a felicidade revisitada. E a --- não me sai da cabeça. Escrevo-lhe vinte cartas, componho-lhe música, dedico-lhe tudo o que faço (sem ela o saber..). É tão bom ser consumido por este ardor no estomâgo. O tijolo que me puxa para baixo tem o seu nome..

quinta-feira, setembro 15, 2005

Para o efeito.
Flashes brancos e uma rua escura. Formas sombrias, negras, avançam em direcção à luz. Eu olho e avanço com eles. Um caminho longo. Muito longo. E a luz que se parece afastar cada vez mais. Espelhos. Só espelhos. Que me enganam no meu caminho e me fazem divagar. Dói. Muito.
Um espaço de ti
Um universo de mim
Cair sem dar luta
e assim mais, uma luz azul que percorre o céu estrelado
em extase...
São só memórias que me atormentam. Pessoas com significados especiais que eu tenho medo de ter perdido. Os erros passados, agora momentos estranhamente bem passados. Conflitos dentro e fora de mim (Dentro e fora de outros.) que me prendem aos tais momentos passados. Às memorias que era bom poder esquecer. Viver o momento, sem mais nada. Sem mais nada. Pessoas que mudam. Mudam todos, como eu. Constantemente. Para melhor ou para pior. É tudo relativo. Eu amo muita gente e muita gente me ama. E não vale a pena.
...
Caí no chão
Não vejo nada
Perco-me
Levanto-me e
Não sei onde estou
Tonto
Está frio
Está escuro
Está algo à minha volta
Estou rodeado pela escuridão
Extendo os braços
Procuro
Não está lá nada para além de mim
Ouço algo
Um som arrastado
Uma respiração muito profunda
Estou assustado
Não posso fugir
Sem lugar para onde ir
Sitiado
Rodeado pela penunbra fria que me quer mal
Não posso fugir
Terrificado
Fico parado
Impotente
À espera

"bradando no vazio
passa por mim e nem me vê
por hoje escondo-me aqui
amanha faço-lhe frente
se ela me vir no escuro"
Este vampirismo que vive de si próprio. Enquanto houver razão e consciencia eu estou aberto à compreensão.
Esta dor que trespassa
Esta dor que me ultrapassa
Esta dor que por mim passa
Esta dor...
Ela que me desfaça!
Avanço neste corredor mal iluminado e não lhe encontro a saida. E vejo uma luz ao fundo. Tento fugir mas todas as portas estão fechadas. Eu não quero avançar e não posso mesmo recuar. Tirem-me daqui. Não vou avançar.
As portas que se fecham, a luz que vem do fundo.
Eu não posso.
Eu não posso.
Eu não posso.
Eu não posso.
Eu não posso.
Eu não posso.
Eu não posso.
Eu não vou.
Não vou e não posso
Sinto a musica como um enorme bocejo
Que me arrasta num oceano de lágrimas
Sinto-a a precisar de ti
Como uma agulha que penetra numa veia inocente, intocada, ainda virgem

Choro

Choro

Sinto-o vazio

O meu coração bate com força
Sinto-me vazio
A roupa desconfortavelmente confortavel
Peguei num cigarro, sem pensar
Pronto para o fumar
E depois da primeira passa,
Logo depois, pergunto-me porquê
Não lhe consigo sequer sentir o sabor
Estou tão desfeito por dentro
Sinto-me vazio
Parei a pensar e esqueci-me de respirar
Sinto-o, um movimento circular
Os olhos, as palpebras...
Estão pesados
Fecho os olhos
Abro os olhos
A visão é a mesma;
Uma escuridão imensa
Que se extende por dentro de mim
Sinto-me vazio
Este cheiro intenso a tinta que me bloqueia
Tenho a garganta presa
Podia vomitar. Vomitava já
De mim só sai este bafo quente
E dentro de mim está e fica
Este vazio permanente

terça-feira, setembro 13, 2005

Esta estrada cheira a desespero.
Consigo sentir a dor de quem a pisa (como eu)
Cinzas onde outrora àrvores houve,
Nevoeiro onde pura luz existiu.
Há beleza em tudo isto!
Digo-te a ti, dos meus 39 graus de febre,:
A vida vale tanto a pena!

quinta-feira, setembro 08, 2005

São 9 horas neste quarto escuro.
Na mão seguras a neblina,
A manhã fria.
Podes largá-la, deixá-la voar
Pois
Enquanto sentir,
Por baixo dos lençóis,
o teu corpo e o calor que dele emana
Sentirme-ei seguro como em casa