segunda-feira, outubro 31, 2005

17:36 31.10.05

Como um sopro. Doente há uma semana. Não tão vazio. Não tão só. Bastante confuso. Algo hesitante. Com saudades e sem segurança. 37.8 de dúvidas. Hipotermia de certezas. Onde estará ela? Pensará em mim?
cobertor. frio e aspirina.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Eu.

outra e não uma
que se prendesse
sim,
como se afunda...

em mim como em ti
plano de solidão
aqui como em ti
Ah, pois, não devia ser assim
o que eu senti

falas pela razão
mas nao explicas...
paixão,
em mim..

terça-feira, outubro 11, 2005

Anoitece (a noite desce),
E tu entras no chuveiro.
Não queres mais ouvir falar de mim.
Com essa água lavas-me,
Levas-me!
Memórias...
Tudo vai saindo.
Aquela água junta-se,
Então,
À água que escorre dos teus olhos.
Não é (mais) dor!
Não é (mais) raiva!
Não é (mais) mágoa!
É apenas limpeza…

Já é noite quando desligas a torneira e te secas
[e eu nu, aqui nesta cama que não será mais nossa, durmo]

Com o calor de um novo dia
(igual a todos os outros e nunca o mesmo)
Irão:
As gotas de mim que ainda não secaram
[longe.
Viro-me e continuo a dormir…]

terça-feira, outubro 04, 2005

tu corres e avanças sem medo. eu caio e deixo-me no chão.
não hesitas ao puxar-me. quanto mais força usas mais eu me afundo.
eles veem ai? eu fico e espero.
eles que me apanhem. vê se eu me importo.
eles que me arrastem. vê se eu me queixo.

verifica-me o rotulo. se calhar não é o que procuras.
vê se eu mudei. as tantas a cor nao é a mesma.
vês alguma coisa? estou estragado?

vês? então é porque o tempo existe mesmo.

domingo, outubro 02, 2005

Aconchego-me no saco-cama. Os acordes do Old Jerusalem acompanham-me e fazem-me relembrar o concerto.
Tudo o que é raro é valioso. Porque nunca nos chegamos a fartar de algo que existe pouco. Ansiamos por isso. Quando o conseguimos ficamos alegres e apreciamos então. O ser humano tem tendência para o tédio com o demasiado seguro, certo e constante. Com as pessoas e sobretudo com os sentimentos corremos o risco de banalizar algo que é (ou pode ser) peculiar e raro. Dizer todos os dias que gosto de alguém acaba por não fazer sentido (mesmo que isso faça sentido todos os dias). O significado e a sinceridade esbatem-se com a repetição e enjoam com a falta de espontaneidade. Se hoje, agora, sinto que gosto de alguém não o vou exibir nem espalhar por todo o lado. Se me apetecer dizê-lo então fá-lo-ei procurando, contudo, nunca o vulgarizar. Para que quando seja dito valha algo quer pela sua sinceridade quer pela sua raridade.