quarta-feira, agosto 31, 2005

Recordações. Ela é uma puta. Ofegante, estou ofegante. Quero ficar a tremer para sempre. É forte. Tão forte! Parece que recebi uma descarga de energia como um choque elécrtico. Começo a perder tempo. Estou a perder tempo. Estou a ser assaltado (talvez estejamos todos) porque é que ninguém faz alguma coisa? Começo a pensar como um cronómetro. Vejo o tempo a aproximar-me do fim. Quero pará-lo ou então matá-la. Se calhar matar é ficar parado no tempo. Ficar preso como numa fotografia. Ficar inactivo, incapaz de interacção. Fitare sempre o mesmo até que ela se transforme no nada. Foda-se. Vou matá-la, quero que ela sofra...


Como eu!
Bancos corridos de mogno,
Madeira escura convida
Raios alvos de luz
A entrar
Pelas altas janelas.

Pele engelhada e áspera,
Marcas desse vil tempo.
Há (ainda) um refulgente olho azul
Na cara de triste enternecimento.
Beleza na dor, Amor na velhice,
Aspereza na seda, Vermelho no negro.

Tudo isto vejo-o
Agora, nesta réstea de claridade
que cessa com o soprar da noite.
Este esforço incessante que me contradiz

Sinto-me preso a uma realidade que não me pertençe

Afogo-me neste exacto momento.

E continuo a morrer
E vou, pensando...
Tento respirar e lutar. Estico os braços em vão. Ouço aquele ruído que à minha volta se repete e sobrepõe de forma continua.
Rodo sobre mim mesmo e permaneço no mesmo ponto. Local.
Não posso e não vou.
Não quero fugir.
Estou aqui para ficar, nesta realidade que me pertence.
Vou aguentar até ao fim, esteja ele onde estiver.
Sei que ela não acabará.
Não enquanto eu reisistir. Existir.
Enquanto eu não me deixar.
E eu não deisisto.
Vou ficar e viver. Para sempre!

O mundo é o mesmo
E eu mudo tanto, por dentro.
descubro coisas...
Novas prespectivas. E coisas maravilhosas não o são mais. Apenas memórias e recordações permanecem inalteradas. As opiniões mudam.
Eu sinto essa mudança. Não sou mais o mesmo.
Mas apenas eu sinto a mudança. E aparentemente apenas para mim mudo.
Os outros não veem. Eu não sou mais o mesmo!
E então...
Erram.
Sem saber que me desconhecem "sabem" quem eu sou, eles "sabem" como eu sou.
Erram.
Estou com pessoas com quem não quero estar. Apenas porque mudei sem aviso previo e já nada nelas faz sentido.
Preciso de me afastar, sem nenhuma vontade de o explicar.
Mas claro, eles não percebem.

eles não percebem...
Aquela neblina densa...
A estrada atravessa a floresta. São só árvores negras, sem folhas. Silencio. Não se ouve nada para lá de qualquer movimento meu. É só terra escurecida. Cinzas. Está de noite e a única coisa que se vê é aqule nevoeiro pesado a pairar a centimetros do chão. Passeio entre vegetação morta e formas indistintas. Sombras e um grande vazio à minha volta. Iluminado apenas pelo luar avanço sem medo, seguro que o que me espera em nada difere do sitio de onde acabei de fugir. Aqui sozinho não me sinto deslocado. Estou bem.

terça-feira, agosto 30, 2005

Que comprimido tomar?
Quem escolher?

Fugir, sair, ser um nómada,
eremita, ébrio na minha sobrieade,
sóbrio na minha ebriedade.
Nada possuir, algo conhecer...
Ter a hipótese de subir uma montanha
ou nadar um rio cada dia
desta minha curta viagem
pelo oceano da vida.

Lucidez

O sarcasmo da lucidez
é apenas como as cores do cego
e os sons do surdo.
A celebração das palavras.
A aspereza dos calos.
O frio dos séculos.
[Aqui há respeito]

O despir lento das árvores.
o vegetar do musgo.
A chuva intensa que encharca.
[Aqui há sagrado]

O clamor das ondas.
O vulto cortante do vento.
A beleza serena da Natureza
[Aqui há algo maior]

Maior que nós (tu e eu)
Mas quero-te por isso.
Por sermos ambos e
Por podermos ser um só.