terça-feira, janeiro 24, 2006

o que sinto é angústia
e sinto que não é bom
sentir o que sinto

angústia de muito
e de muito pouco
da merda de vida que levo
e da merda de vida que me leva

já não penso como penso que pensava
mas também nunca saberei
se alguma vez pensei assim

Sinto um ser cansado e desesperado,
com toda esta angústia,
dentro de mim

E tudo o que não sinto
cái de dentro de mim
transborda de um espaço vazio
cheio com aquilo que realmente sinto
e já não vejo o fundo á muito, muito tempo.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

O amanhã é mais que uma palavra.

O amanhã é mais que uma palavra.
Um atalho, um sítio onde falho,
Uma dor, um espaço onde caio.
É possível; amanhã
Podemos construir uma montanha,
Nadar um rio, saltar um muro,
Ter um furo, ser futuro.
Começar!

Não digas que é utopia
Construir, amanhã, outra via,
Outra vida.
Um mundo onde somos iguais
É possível, amanhã.
Caminhamos com a madrugada
Não somos imortais.
Não pares. Só vives até amanhã.

terça-feira, janeiro 17, 2006

26.11.05

Mãos calejadas e escuras, gastas pelo esforço. Corpo entorpecido de cansaço e dor. Tudo tão intenso. Tudo tão real que parece um sonho (construído das minhas entranhas). O carnal momento prolongado. O clímax e o esperma no chão. Uma semente abandonada. 2 e 19: chegada a casa. Após o carnal, uma nuvem de qualquer material não existente. Do nevoeiro de hoje aparece ela. Como num fluxo dum rio (uma corrente contínua e imparável) não há tempo para qualquer hesitação ou paragem. Ela aparece. Depois de tudo, no epílogo das outras acções. As pessoas (as boas e as cordiais, as mal dispostas e cruas). O frio (4ºC). A porcaria em que me torno. Estou corroído por tudo isto; mas as pessoas ainda gostam de mim. Como? O lento cerimional de chegar a casa e recordar tudo enjoado comigo mesmo. Áspero, Está tudo tão áspero em mim. Cansado de errrar, cansado de ser magoado, de magoar, cansado por ter ajudado. Tão consoladora a ideia de contribuir para a melhoria da vida de algumas pessoas. Procuro substituição e só encontro placebos. Mais um placebo (mas é uma pessoa). Que egoísta ser assim. Cabelo revolto e sujo. Olheiras. Cheiro a suor. Esforcei-me dei tudo de mim. Podia estar mais contente. Só quis olhar para ela. Adoração; como a um quadro. Porque eu não acredito que ela nunca pensa em mim. Porquê esta esperança corrosiva? É uma esperança de quem quer mudar o mundo.
Por vezes desejava que me retirassem o impulso sexual animal.
Cãibras.

26.11.05

lúcido / lunático

Demasiado cansado, irritado, estafasado, triste, desiludido, compreendido, iludido, rejeitado, amado, detestado, nu! nu! nu aqui...
Demasiado revoltado, forte, fraco, cobarde, corajoso, notado, desanpontado, desapontado, vazio, dorido, sangue em todo o lado.
Onde estás?
Vida, morte, motim, revolta, ânimo, mudança, dor (muita dor) e este ardor que mói, corrói, dói e constrói.
Corrida a custo, pernas fraquejam, cãibras, cãibras, chão, pedra, frio, nadar no rio. tremo. tremo. Deixa-me e leva-me; caí aqui em cima do áspero.

terça-feira, janeiro 10, 2006

A porta

A porta chama por mim. Não te preocupes mais com ela (diz)... Não te preocupes com o que sentes e com o que mostras (nem tu o sabes)... Fecho a porta. Sento-me neste sofá vermelhjo mal iluminado... O copo de vinho espelha os reflexos de uma música triste e áspera. Não sei o que quero mas ainda vou sair. Não queres ouvir isto comigo? Bebemos os dois do mesmo copo e absorvemos juntos esta magia que não é mais que a dor de viver.
Eu não sei o que é a vida.
Nem tu.
Quem sabe senão talvez o morto?
O sonho em que existimos
é fascinante com os seus tons
Mas há muito mais cores,
Muito mais notas,
Muito mais que tudo,
Muito menos que nada.
Despe-te comigoe vem
correr nu por estas estradas.