terça-feira, janeiro 17, 2006

26.11.05

Mãos calejadas e escuras, gastas pelo esforço. Corpo entorpecido de cansaço e dor. Tudo tão intenso. Tudo tão real que parece um sonho (construído das minhas entranhas). O carnal momento prolongado. O clímax e o esperma no chão. Uma semente abandonada. 2 e 19: chegada a casa. Após o carnal, uma nuvem de qualquer material não existente. Do nevoeiro de hoje aparece ela. Como num fluxo dum rio (uma corrente contínua e imparável) não há tempo para qualquer hesitação ou paragem. Ela aparece. Depois de tudo, no epílogo das outras acções. As pessoas (as boas e as cordiais, as mal dispostas e cruas). O frio (4ºC). A porcaria em que me torno. Estou corroído por tudo isto; mas as pessoas ainda gostam de mim. Como? O lento cerimional de chegar a casa e recordar tudo enjoado comigo mesmo. Áspero, Está tudo tão áspero em mim. Cansado de errrar, cansado de ser magoado, de magoar, cansado por ter ajudado. Tão consoladora a ideia de contribuir para a melhoria da vida de algumas pessoas. Procuro substituição e só encontro placebos. Mais um placebo (mas é uma pessoa). Que egoísta ser assim. Cabelo revolto e sujo. Olheiras. Cheiro a suor. Esforcei-me dei tudo de mim. Podia estar mais contente. Só quis olhar para ela. Adoração; como a um quadro. Porque eu não acredito que ela nunca pensa em mim. Porquê esta esperança corrosiva? É uma esperança de quem quer mudar o mundo.
Por vezes desejava que me retirassem o impulso sexual animal.
Cãibras.

26.11.05

2 Comments:

Blogger INFORMANIACA said...

Escreves de uma forma fortíssima, marcante e apelativa.
Gostei.

18/1/06 12:37  
Anonymous Anónimo said...

Por vezes gostava de ter unicamente o instinto sexual animal...

24/1/06 23:49  

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