Como a dor é grave
Passei por lá esta tarde
E disseram para voltar depois.
Mas eu não quero
Andar à procura de uma cura
Ou de um frasco com luzes.
E sinto faltar-me o tempo
Para pensar
Nestes ruídos.
Ruídos como as pingas de água
Que vi pela manhã, caídas no chão.
Ruídos como um abraço seco ou
Como este copo bebido de um trago.
Deixei grande parte da beleza
No autocarro porque tinha,
Que apanhar o metropolitano.
de chuva nos pés;
Descalçar-me para a penumbra;
Vestir o pijama e ir dormir.
Aconchegado na rotina;
Repito as músicas, os gestos,
as frases, as histórias.
Repito as músicas, os gestos,
as frases, as histórias.
Só o céu é diferente todos os dias.
Desde que haja cores, flores
E um pouco de espaço para ouvir.
Tentaram ensinar-te que és feliz?
Tentaram explicar-te a vida e a metereologia?
O começo, o fim e a ida à lua?
O funcionamento das estrelas e dos satélites?
De não tropeçar no que todos fazem.
Imprimir uns livros e ler para sentir
Que estou a crescer em vez de morrer.
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