Quarto
Preciso de ti (e vulgar eu sei);
De ver o meu reflexo nos teus olhos.
Desejo o teu abraço e, no entanto, perdi-o.
Em todas as folhas escrevi o teu nome;
E as folhas caem e escurecem.
[como desejava que não houvesse antes]
A água continua a correr.
E, no leito de um qualquer riacho
Deito-me e aspiro sofregamente o teu perfume
[que foi feito de mim?]
Perdido no escuro
No vão de umas quaisquer escadas
Estremecendo aos espasmos de dor
[penso em ti]
E ao suave beijo do vento quente
Invejo a liberdade de não ser...
De não carregar um vazio
Que o faça caminhar ao som do sonho.
Também estás deitada no teu quarto,
E também pensas em mim,
Mas o teu futuro não é uma estátua;
e nada me escreves…
A ave canora que te acordará (amanhã)
Apagará o resto de saudade guardado nessa caixa a que chamaste coração.
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