quarta-feira, maio 24, 2006

Quarto

Preciso de ti (e vulgar eu sei);
De ver o meu reflexo nos teus olhos.
Desejo o teu abraço e, no entanto, perdi-o.
Em todas as folhas escrevi o teu nome;
E as folhas caem e escurecem.


[como desejava que não houvesse antes]


A água continua a correr.

E, no leito de um qualquer riacho

Deito-me e aspiro sofregamente o teu perfume

[que foi feito de mim?]

Perdido no escuro

No vão de umas quaisquer escadas

Estremecendo aos espasmos de dor

[penso em ti]


E ao suave beijo do vento quente

Invejo a liberdade de não ser...

De não carregar um vazio

Que o faça caminhar ao som do sonho.



Também estás deitada no teu quarto,

E também pensas em mim,

Mas o teu futuro não é uma estátua;

e nada me escreves…


A ave canora que te acordará (amanhã)

Apagará o resto de saudade guardado nessa caixa a que chamaste coração.